A aorta é a principal artéria do nosso corpo. Ela tem origem no coração, passa pelo tórax e pelo abdome e dela se originam as artérias que levam o sangue para todos os órgãos e membros. Quando a parede da aorta está enfraquecida em um ou mais segmentos, ela pode dilatar de forma anormal e formar o que chamamos de aneurisma, que se caracteriza por um processo inflamatório crônico e complexo da parede da artéria, com destruição da sua matriz e quebra dos seus componentes estruturais.
Pode ser encontrado em cerca de 2% da população acima de 50 anos, 5% em homens com mais de 70 anos e 20% em irmãos de pessoas que têm diagnóstico de aneurisma.
O principal fator de risco é o tabagismo. Consumir meio maço de cigarro por dia por 10 anos já aumenta de forma significativa o risco de ter um aneurisma. E esse risco é dose-dependente, o que quer dizer que quanto maior o consumo, maior o risco, seja em quantidade de cigarros, seja em anos de uso.
Fora o tabagismo, outros fatores de risco são:
- pressão alta
- idade acima de 60 anos
- história familiar positiva
- sexo masculino
- doenças inflamatórias, tais como Arterite de Takayasu, poliarterite nodosa e doença de Behçet.
Tipicamente, os pacientes com aneurisma de aorta não apresentam sintomas!
Sabemos que a maior parte dos pacientes com aneurisma de aorta não apresentam sintomas. Algumas pessoas têm a impressão de haver um “coração na barriga”, mesmo sem sentir dor. O diagnóstico normalmente é feito de forma incidental, durante a investigação de outras doenças, através de exames de imagem. O maior perigo dessa doença é que ela é silenciosa, podendo ser descoberta após a ruptura da aorta. Neste momento, apresenta sintomas, que, se não compreendidos com rapidez, pode levar à morte.
O principal sintoma da ruptura do aneurisma é dor aguda. No caso do aneurisma da aorta no tórax, é uma dor na parte superior das costas, que irradia para baixo; dificuldade ao respirar; e dores no peito, braços, pescoço e queixo. No aneurisma da aorta no abdome, causa dor com irradiação para as costas, podendo se estender para a coxa e virilha, mais frequente no lado esquerdo.
Diagnóstico
Na menor suspeita desta doença, devemos fazer exames de imagem para confirmar, tais como ultrassonografia de abdome, angiotomografia do tórax e do abdome ou angioressonância do tórax e do abdome. Quando o diagnóstico é feito de forma incidental, ou seja, identifica-se um aneurisma de aorta quando se realiza um exame para investigar outras doenças, é necessário ser avaliado por um cirurgião vascular para dar seguimento no tratamento.
Além disso, sobre a realização de exames como parte do checkup cardiovascular. Recomenda-se a realização de um ultrassom Doppler de aorta e artérias ilíacas para todos os indivíduos acima de 65 anos com história prévia ou atual de tabagismo ou que tenham parentes de primeiro grau com diagnóstico de aneurisma, mesmo que tenha boa saúde e não tenha história de tabagismo.
Tratamento
O tratamento é indicado com o objetivo principal de prevenir o rompimento do aneurisma. Se for definido que o aneurisma tem baixo risco de rompimento, fazemos um tratamento clínico e vigilância com exames de imagem.
Como sempre, devemos ser extremamente criteriosos na indicação da cirurgia, pois o risco do tratamento nunca pode ser maior do que o risco da doença em si. O objetivo da cirurgia é despressurizar a parede da aorta no lugar em que está dilatada. Fazemos isso com a colocação de uma prótese no interior do vaso, por onde passará o fluxo sanguíneo.
Na maior parte dos casos, fazemos a cirurgia por via endovascular, que é um procedimento muito menos invasivo do que a cirurgia convencional, pois não necessita abrir o tórax ou o abdome para acessar a aorta. Após a cirurgia, a maioria dos pacientes é monitorizada em UTI por 24 a 48 horas e o tempo de internação varia de acordo com a evolução clínica de cada paciente.
Vigilância e Seguimento
Pouco se fala sobre o que devemos fazer após a cirurgia para tratar o aneurisma de aorta, seja por via endovascular ou convencional. Não é porque operou que o problema está resolvido para sempre. É importantíssimo fazer um seguimento com um especialista após a cirurgia, de preferência com o próprio cirurgião vascular que fez a cirurgia.
No caso da cirurgia endovascular, a complicação pós operatória mais comum que devemos vigiar é o vazamento de sangue para o aneurisma, que pode acontecer apesar da colocação da prótese. Se isto ocorrer, o aneurisma pode continuar aumentando de tamanho e romper, da mesma forma que aconteceria se não tivesse tratado.
No caso da cirurgia convencional, devemos ficar atentos para infecção e trombose da prótese, bem como complicações que podem acontecer na junção da prótese com a artéria.
Além disso, não devemos esquecer que pode ocorrer dilatação de outros segmentos da aorta, ou mesmo de outras artérias do corpo. O tratamento do aneurisma da aorta é somente para prevenir o rompimento da artéria no segmento tratado. Não trata a causa da dilatação, que, muitas vezes, é multifatorial e envolve doenças associadas e hábitos de vida.
Bom, a forma de vigiarmos como vai ser o comportamento da doença após a cirurgia é com o exame físico durante uma consulta médica e com exames de imagem. Podemos fazer uma ultrassonografia, uma angiotomografia ou uma angiorressonância. A escolha do método depende da localização do aneurisma, da forma de tratamento e das condições clínicas do paciente, pois há pessoas que possuem contra-indicação ao uso de contraste venoso, por exemplo, ou possuem uma forma física que impossibilita o exame de ultrassom.
O intervalo em que os exames são realizados também depende da localização do aneurisma e das alterações encontradas no exame anterior. Falando de forma superficial, normalmente se faz um exame um mês após a cirurgia e depois anualmente, se não for observado nenhum tipo de complicação.