Linfedema

Linfedema

linfa veia arteriaQuando falamos em circulação, as artérias e as veias são as estruturas mais conhecidas, pois são tubos que transportam o sangue a partir de ou para o coração. O que nem todo mundo sabe é que o sistema linfático também faz parte da circulação. É composto por vasos e nódulos (linfonodos) e tem uma função imunológica importantíssima: a de coletar líquidos e impurezas dos tecidos e estimular as células de defesa do nosso corpo a agir, quando houver alguma ameaça. O líquido transportado é chamado de linfa.

Linfedema é o acúmulo de linfa nos tecidos moles que ficam abaixo da pele, causando inchaço em um braço ou uma perna. Com o tempo, essa linfa acumulada cria um ambiente de inflamação crônica, que acarreta o endurecimento da pele e da gordura, causando um aumento no diâmetro do membro. O linfedema é, na verdade, um sintoma e não uma doença em si. É um sinal de que há algo errado com o sistema linfático.

Para facilitar o entendimento e o tratamento, classificamos em linfedema primário e secundário.

O linfedema primário é quando não conseguimos identificar uma causa. Pode ser:

  • Congênito: a pessoa já nasce com esse problema. Geralmente, ele é causado pela má formação dos vasos ou dos nódulos linfáticos.
  • Precoce: manifesta-se antes da puberdade. Normalmente a pessoa já nasce com uma reserva baixa de linfáticos, que se se torna insuficiente à medida que a criança cresce.
  • Tardio: manifesta-se depois da puberdade. Mais comum em mulheres, não se sabe definir a causa, mas sabe-se que tem uma chance de evoluir melhor.

O linfedema secundário é o mais comum. É causado por lesão do sistema linfático. Isso pode ocorrer por:

  • Infecção: A famosa erisipela de repetição é uma causa importante de linfedema, já que é a infecção dos vasos linfáticos de forma repetida. Além disso, algumas regiões do Brasil são endêmicas de filariose, um verme que causam a elefantíase.
  • Câncer: Alguns tipos de câncer podem acometer diretamente os linfonodos, como, por exemplo, os linfomas, os melanomas e o tumor de ovário.

  • Cirurgia: As cirurgias que retiram os linfonodos de uma região, principalmente para tratar algum tipo de câncer, inevitavelmente vão causar um linfedema, principalmente quando associa-se a radioterapia, que vai acabar causando uma inflamação dos vasos linfáticos que permanecerem. É muito comum no tratamento de câncer de mama e melanoma, por exemplo.

lenfedemaO sintoma é basicamente um: inchaço unilateral que não regride com repouso de 24 horas, geralmente com história de uma das causas explicadas acima, praticamente indolor, pouco depressível (não fica muito a marca quando fazemos pressão com um dedo) e com sinal de Stemmer (é um teste que fazemos tentando puxar para cima a pele dos dedos dos pés). Nas fases mais avançadas, pode haver até uma deformidade do membro acometido.

O diagnóstico é puramente clínico. Uma boa consulta, com uma conversa que investigue bem as possíveis causas e um exame físico completo, é capaz de fechar o diagnóstico. É o típico caso em que os exames de imagem são totalmente complementares, pois servem para confirmar e localizar a causa.

Podemos fazer um Doppler venoso para excluir uma associação com varizes ou trombose. Podemos fazer uma ressonância ou uma tomografia para investigar possíveis tumores. E podemos fazer uma linfocintilografia para comparar a circulação linfática de um membro com o outro.

O objetivo do tratamento do linfedema é o alívio do sintoma e a prevenção de complicações. Se for negligenciado, o linfedema certamente vai evoluir, podendo levar a sequelas irreversíveis.

O tratamento que possui melhores resultados é um conjunto de 4 medidas, chamada TFC (Terapia Física Complexa):

  • Drenagem linfática manual
  • Compressão elástica ou inelástica
  • Exercícios miolinfocinéticos
  • Cuidados com a pele

 

Dividimos esse tratamento em 2 fases:

1. Fase de descongestionamento: Mais intensa, com o objetivo de diminuir o inchaço e regredir as alterações teciduais que levaram à deformação do membro. Pode durar de 3 a 8 semanas, a depender do protocolo utilizado e da resposta de cada paciente ao tratamento.

2. Fase de manutenção: Tem o objetivo de manter os ganhos conquistados na primeira fase. Dura para o resto da vida, em que se estabelece uma rotina de drenagens, exercícios e uso das meias ou manguitos de compressão.

Todas as 4 medidas da Terapia Física Complexa estão presentes nas duas fases do tratamento. A diferença é a frequência e o tipo de compressão e de cuidados com a pele. É importantíssimo, então, o comprometimento tanto por parte do paciente, quanto por parte do médico e do fisioterapeuta. Se possível, adicionar um nutricionista nesta equipe, para que possibilite um cuidado completo e uma melhor qualidade de vida, sem sequelas irreversíveis e estigmatizantes.

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Linfedema é o acúmulo de linfa nos tecidos moles que ficam abaixo da pele, causando inchaço em um braço ou uma perna. Com o tempo, essa linfa acumulada cria um ambiente de inflamação crônica, que acarreta o endurecimento da pele e da gordura, causando um aumento no diâmetro do membro. O linfedema é, na verdade, um sintoma e não uma doença em si. É um sinal de que há algo errado com o sistema linfático.

Para facilitar o entendimento e o tratamento, classificamos em linfedema primário e secundário.

O linfedema primário é quando não conseguimos identificar uma causa. Pode ser:

  • Congênito: a pessoa já nasce com esse problema. Geralmente, ele é causado pela má formação dos vasos ou dos nódulos linfáticos.
  • Precoce: manifesta-se antes da puberdade. Normalmente a pessoa já nasce com uma reserva baixa de linfáticos, que se se torna insuficiente à medida que a criança cresce.
  • Tardio: manifesta-se depois da puberdade. Mais comum em mulheres, não se sabe definir a causa, mas sabe-se que tem uma chance de evoluir melhor.

O linfedema secundário é o mais comum. É causado por lesão do sistema linfático. Isso pode ocorrer por:

  • Infecção: A famosa erisipela de repetição é uma causa importante de linfedema, já que é a infecção dos vasos linfáticos de forma repetida. Além disso, algumas regiões do Brasil são endêmicas de filariose, um verme que causam a elefantíase.
  • Câncer: Alguns tipos de câncer podem acometer diretamente os linfonodos, como, por exemplo, os linfomas, os melanomas e o tumor de ovário.

  • Cirurgia: As cirurgias que retiram os linfonodos de uma região, principalmente para tratar algum tipo de câncer, inevitavelmente vão causar um linfedema, principalmente quando associa-se a radioterapia, que vai acabar causando uma inflamação dos vasos linfáticos que permanecerem. É muito comum no tratamento de câncer de mama e melanoma, por exemplo.

lenfedemaO sintoma é basicamente um: inchaço unilateral que não regride com repouso de 24 horas, geralmente com história de uma das causas explicadas acima, praticamente indolor, pouco depressível (não fica muito a marca quando fazemos pressão com um dedo) e com sinal de Stemmer (é um teste que fazemos tentando puxar para cima a pele dos dedos dos pés). Nas fases mais avançadas, pode haver até uma deformidade do membro acometido.

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O objetivo do tratamento do linfedema é o alívio do sintoma e a prevenção de complicações. Se for negligenciado, o linfedema certamente vai evoluir, podendo levar a sequelas irreversíveis.

O tratamento que possui melhores resultados é um conjunto de 4 medidas, chamada TFC (Terapia Física Complexa):

  • Drenagem linfática manual
  • Compressão elástica ou inelástica
  • Exercícios miolinfocinéticos
  • Cuidados com a pele

 

Dividimos esse tratamento em 2 fases:

1. Fase de descongestionamento: Mais intensa, com o objetivo de diminuir o inchaço e regredir as alterações teciduais que levaram à deformação do membro. Pode durar de 3 a 8 semanas, a depender do protocolo utilizado e da resposta de cada paciente ao tratamento.

2. Fase de manutenção: Tem o objetivo de manter os ganhos conquistados na primeira fase. Dura para o resto da vida, em que se estabelece uma rotina de drenagens, exercícios e uso das meias ou manguitos de compressão.

Todas as 4 medidas da Terapia Física Complexa estão presentes nas duas fases do tratamento. A diferença é a frequência e o tipo de compressão e de cuidados com a pele. É importantíssimo, então, o comprometimento tanto por parte do paciente, quanto por parte do médico e do fisioterapeuta. Se possível, adicionar um nutricionista nesta equipe, para que possibilite um cuidado completo e uma melhor qualidade de vida, sem sequelas irreversíveis e estigmatizantes.

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